quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Urina humana pode ser utilizada para fertilizar solos


    

10. Novembro 2010 - 12:07


Os cientistas ainda têm que estudar como implementar o sistema nos países em desenvolvimento.
Os cientistas ainda têm que estudar como implementar o sistema nos países em desenvolvimento. (Eawag, Stefan Kubli)
Por Susan Vogel-Misicka, swissinfo.ch


Já sem utilidade para o corpo que a excreta, a urina está recebendo uma segunda vida na forma de adubo, graças em parte a engenheiros suíços.

O Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática (Eawag) junto com especialistas da África do Sul transformaram urina humana em adubo.

"Nós tratamos a urina, extraindo nitrogênio, fósforo e potássio em pó. Nossa idéia no momento é granular esse pó para obter um adubo granulado normal, que pode ser espalhado nos campos", explicou o engenheiro Kai Udert, do Eawag.

O fósforo encontrado na urina é particularmente precioso. As plantas precisam dele para o crescimento, mas ele está se tornando cada vez mais raro. Normalmente o fósforo é extraído em minas, mas especialistas prevêem que a oferta mundial vai acabar dentro dos próximos 50-100 anos, dificultando a fertilização dos campos.

No mês passado, o projeto Eawag recebeu uma doação de 3 milhões de dólares da Fundação Bill & Melinda Gates. O dinheiro vai servir de apoio ao instituto e ao seu parceiro, o “eThekwini Water and Sanitation utility (EWS)”, na África do Sul, para continuar desenvolvendo sistemas de recuperação de nutrientes de dimensão comunitária.

Udert informou que a doação vai ajudá-los na pesquisa dos aspectos técnicos, econômicos e sociais do projeto, para que eles possam entender melhor como tratar a urina e como implementar o sistema nos países em desenvolvimento. "A idéia é que alguém possa coletar a urina, produzir fertilizantes com ela e fazer algum dinheiro com isso", disse Udert.


Vasos especiais

O principal para o projeto são os banheiros. Chamado "vaso divisor de urina seca", os sanitários não podem estar ligados a qualquer tipo de sistema de saneamento central. Os vasos têm dois compartimentos, o que posssibilita a coleta da urina separada das fezes.

A parte delicada é encontrar alguém que lide com o tanque. De acordo com Udert, há um estigma associado aos resíduos humanos em algumas partes do mundo. No entanto, o verdadeiro problema é o mau cheiro.

"Armazenar urina é realmente muito fedorento e por isso ninguém faz isso com boa vontade. Também não é bom para o meio-ambiente, porque o que causa o mau cheiro é a amônia. Em nosso processo fixamos a amônia e o nitrogênio em uma solução que remove toda a água, restando no final só os sólidos", disse Udert.

Além de processar a urina e convertê-la em adubo, Udert e sua equipe esperam melhorar as condições de higiene nos países em desenvolvimento.

"Saneamento é um problema mundial e os os sistemas centralizados que temos aqui na Suíça e em outros países desenvolvidos não são aplicáveis em muitos lugares do mundo", disse.


Ângulo humanitário

O instituto Eawag realizou diversas pesquisas no Nepal, onde muitas pessoas não têm acesso a banheiros. O projeto desenvolvido em Siddhipur,perto de Katmandu, demonstrou que a urina pode ajudar a fechar o ciclo regional de nutrientes, já que os agricultores que participam no projeto também se beneficiam, não precisando importar mais fertilizantes químicos. "Nessa região, um vaso sanitário para ser instalado deve funcionar bem e ser confortável de usar", acrescentou Udert.

Carolien van der Voorden é diretora da Rede de Gestão de Conhecimento do Conselho de Abastecimento de Água e Saneamento Colaborativo (WSSCC), com sede em Genebra. Ela concorda que tais projetos de recuperação de nutrientes podem funcionar bem, mas enfatiza que a saúde deve ser o objetivo principal.

"A principal razão para tentar promover o saneamento básico é limitar o risco de infecção, possibilitando às pessoas uma vida mais saudável e mais digna", disse, lembrando que 800 milhões de pessoas fazem as necessidades ao ar livre.

Algumas estão tão acostumadas a agir dessa forma, que os projetos de latrina e banheiro falham por falta de interesse local. "Não é difícil construir banheiros, mas o problema é mudar o comportamento das pessoas. Saneamento deve estar ligado a programas de educação sanitária", disse van der Voorden.

Ela observou que nas zonas rurais, os programas de reciclagem de resíduos tendem a ter sucesso porque os moradores apreciam o resultado. O projeto Eawag da África do Sul, previsto para durar quatro anos, ainda se encontra no estágio inicial. Udert está otimista de que também será um sucesso.

"A urina contém a maior parte dos nutrientes necessários na sua composição, nós estamos muito confiantes de que será um bom fertilizante".


Susan Vogel-Misicka, swissinfo.ch
(Adaptação: Fernando Hirschy)

USP está entre as 20 escolas com maior visibilidade na internet


16/02/2012 - 10h48

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1049572-usp-esta-entre-as-20-escolas-com-maior-visibilidade-na-internet.shtml

THIAGO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

A USP está em 20º lugar na listagem de universidades com mais visibilidade na internet, divulgada pela Webmetrics, empresa que analisa o tráfego na rede.
A universidade é a instituição brasileira mais bem colocada no ranking, tendo subido 23 posições desde a última listagem, em julho de 2011.
O ranking é liderado por instituições americanas, que ocupam 18 das 20 primeiras colocações.
Em primeiro lugar, está a Universidade de Harvard, seguida pelo MIT e pela Universidade de Stanford. Além da USP, a única fora dos EUA é a Universidade de Toronto, no Canadá, que ocupa a 17ª colocação.
Entre as brasileiras, outras seis universidades aparecem entre as 200 mais bem colocadas. Depois da USP, vêm UFRGS (na posição 71), Unesp (122), UFSC (129), UFRJ (171), UnB (184) e Unicamp (193).
O resultado mostra um avanço brasileiro na listagem. No último levantamento, somente quatro instituições apareciam entre as 200 primeiras colocações.
METODOLOGIA
O ranking Webmetrics mede a visibilidade das instituições por meio dos resultados obtidos nos principais mecanismos de busca da internet.
O objetivo, no entanto, não é avaliar a qualidade das instituições de ensino, mas somente sua presença na rede.
A quantidade de clicks via links externos, ou seja, indicações de um site para outro site, correspondem a 50% da nota que cada universidade recebe na avaliação.
A outra metade da nota está subdividido em três partes.
A primeira considera o número de páginas da universidade cobertas por mecanismos de busca.
A segunda subdivisão dá conta de avaliar os arquivos que cada instituição fornece para download, como materiais didáticos, fotografias, livros digitais, aulas abertas, cursos e palestras.
Esse tipo de material é comum em sites de universidades americanas e europeias.
No Brasil, as instituições ainda utilizam pouco suas plataformas para disponibilizar material a não alunos, o que prejudica a sua classificação nesse tipo de listagem.
A última parte da avaliação do ranking Webmetrics, chamada "scholar", agrupa documentos e citações da instituição feitos em sites de perfil acadêmico.
Isso equivaleria as citações de artigos científicos, critério utilizado por rankings universitários consolidados como os britânicos "THE" (Times Higher Education) e "QS".
Além das citações de artigos, os rankings universitários "tradicionais" também contabilizam dados como publicação científica, quantidade de professores com prêmio Nobel, patentes registradas na instituição e outros.
Para ver a lista completa do Webmetrics, acesse aqui.


Descoberto fungo amazônico que degrada plástico mesmo sem oxigênio: E agora?



Organismo conseguiria quebrar cadeias de poliuretano em condições de aterro sanitário, diz estudo

19 de fevereiro de 2012 | 22h 30


Alexandre Gonçalves
Pesquisadores americanos descobriram um fungo na Amazônia equatoriana capaz de degradar poliuretano, um tipo de polímero muito usado para a confecção de espumas, adesivos e tintas. O trabalho, publicado na Applied and Environmental Microbiology, pode levar a estratégias inovadoras para reduzir o impacto ambiental dos plásticos.

Ambientalistas argumentam que os plásticos demoram muito para se decompor na natureza. O polietileno, por exemplo, leva cerca de 50 anos. O PET, usado na produção de garrafas plásticas, permanece até 200 anos no ambiente. Cientistas explicam que fungos e bactérias ainda não desenvolveram o arsenal de enzimas necessário para degradar as longas cadeias sintéticas de carbono, hidrogênio e outros elementos que constituem os plásticos.

Daí a necessidade de pesquisas e ações para remediar o problema. Um acordo, ainda em fase de implementação, do governo paulista e da Associação Paulista de Supermercados (Apas), pretende banir a distribuição de sacolas plásticas nos supermercados do Estado, um gesto para evitar que 2,4 milhões de unidades - cada uma leva, no mínimo, 40 anos para se decompor - sejam lançadas no ambiente todos os meses.

A descoberta de organismos que já são aptos para degradar o plástico nos aterros ajudaria a encurtar os tempos de decomposição e a diminuir consideravelmente o dano ambiental.

Duas cepas de Pestalotiopsis microspora, descobertas pelos americanos - em sua maioria, estudantes de graduação da Universidade Yale -, mostraram um enorme potencial na degradação de poliuretano. O estudante Jonathan Russell identificou a enzima secretada pelo fungo responsável pelo enfraquecimento das ligações químicas do polímero. 

Oxigênio. A pesquisa trouxe consigo uma descoberta inusitada: a enzima funciona tanto na presença como na ausência de oxigênio, algo inesperado para os cientistas. Desta forma, o fungo poderia funcionar também nos aterros sanitários, onde uma grossa camada de dejetos e terra costuma cobrir os plásticos descartados, diminuindo a oxigenação e, desta forma, dificultando sua decomposição.

A pesquisadora Sandra Mara Franchetti, da Unesp de Rio Claro, também realiza testes com fungos de diferentes espécies para comparar seu potencial para biodegradar plástico.

Ela realiza misturas de diferentes tipos de plásticos - as chamadas blendas poliméricas -, especialmente de plásticos sintéticos com plásticos biodegradáveis. “Depois, fazemos testes para verificar as propriedades mecânicas do material e seu potencial de biodegradação”, explica Sandra. “Nossa hipótese é que o polímero biodegradável pode servir como porta de entrada para os organismos que realizarão a decomposição.”

“Há poucos pesquisadores no País atuando nesta área pois são necessários equipamentos muito sofisticados”, aponta Lucia Durrant, da Unicamp, que também já realizou estudos na área.

Derval Rosa, da Universidade Federal do ABC, também estuda a biodegradação de polímeros e tenta descobrir como ela ocorre nos aterros sanitários e em cada um dos diferentes tipos de plástico. Mas adota uma postura realista. “Nossos aterros são precários”, afirma. “Talvez em 20 anos conseguiremos o nível de controle necessário para aplicar esse tipo de conhecimento.”