quarta-feira, 31 de julho de 2013

Estágio nas comunidades carentes

Direito pode incluir estágio em favela

OAB propôs ao Ministério da Educação alteração nos cursos; para a Ordem, hoje essas experiências não passam de ‘faz de conta’

30 de julho de 2013 | 23h 14


Lisandra Paraguassu
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propôs ao Ministério da Educação uma alteração no currículo dos cursos de Direito, que poderão incluir um estágio em comunidades carentes do País. O estágio, de seis meses, seria dentro do período do curso.
Veja também:

A proposta foi apresentada nesta segunda-feira, 29, pelo presidente da OAB, Marcus Vinícius Coelho, durante evento em Teresina. "A grade curricular do curso é do século 19, e a metodologia e o sistema de avaliação são precários. Queremos um curso de Direito que prepare cidadãos conscientes de seu papel no mundo e não meramente burocratas ou tecnocratas", disse ele.
A OAB propõe ainda um aumento de disciplinas para o curso. Nesse período, os estudantes teriam de fazer um estágio "de verdade", segundo Coelho. Hoje, o estágio já é previsto na grade curricular e deve ser realizado em fóruns, juizados e tribunais, mas são experiências de "faz de conta", de acordo com o presidente da Ordem.
Ao Estado, Coelho disse que o estágio não deverá ser obrigatoriamente em comunidades carentes, mas terá de dar aos estudantes experiência prática no exercício do Direito. "O estágio será em favelas, em empresas, em escritórios, em tribunais, enfim, onde o estudante tiver sua vocação e sua afinidade. Vivemos em um país democrático e plural, onde a liberdade das pessoas desenvolverem suas potencialidades deve ser respeitada."
A criação de novos cursos de Direito está suspensa desde o início deste ano, quando a OAB e o Ministério da Educação firmaram um acordo para criar um marco regulatório para a área. Por 12 meses, a criação de novas faculdades ficará parada, até que a OAB apresente e o MEC aprove um novo currículo para a área. Segundo Coelho, a maioria dos alunos sai das instituições de ensino superior sem conhecimentos básicos, como processo eletrônico e prática do Direito. Procurado, o MEC não se pronunciou sobre a proposta da OAB de incluir estágio em comunidades carentes.
Médicos
A ideia de propor que estudantes façam algum trabalho social veio à tona com a decisão do governo federal de incluir na formação de médicos dois anos de trabalho remunerado no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dois casos, no entanto, são diferentes. O estágio em comunidades carentes seria uma alternativa ao que já existe hoje, e não um período extra.

terça-feira, 30 de julho de 2013

IDHM do Brasil avança 47,5% em 20 anos... mas educação ainda é o maior desafio

IDHM do Brasil avança 47,5% em 20 anos, mas educação ainda é o maior desafio

Classificação do País passou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727) no índice divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nesta segunda

29 de julho de 2013 | 14h 24




  • Ricardo Della Coletta - Agência Estado

BRASÍLIA - O Índice do Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro, revela um expressivo avanço do Brasil nos últimos 20 anos, mas também um quadro em que a educação se mantém como o principal desafio do País. Entre 1991 e 2010, o índice cresceu 47,5% no País, de 0,493 para 0,727. Inspirado no IDH global, publicado anualmente pelo PNUD, esse índice é composto por três variáveis e o desempenho de uma determinada localidade é melhor quanto mais próximo o indicador for do número um.
Veja também:

A classificação do IDHM do Brasil mudou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727). É considerado 'Muito Baixo' o IDHM inferior a 0,499, enquanto a pesquisa chama de 'Alto' o indicador que varia de 0,700 a 0,799. Publicado uma vez a cada dez anos, o indicador traz para o âmbito municipal o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global, divulgado anualmente pelo PNUD e que mede o desenvolvimento humano dos países. O IDHM, que faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, é medido por uma escala que vai de zero a um - quanto mais próximo de um, melhor o desenvolvimento do local.
O subíndice educação, uma das variáveis que compõem o IDHM, é o que mais puxa para baixo o desempenho do País. Em 2010, a educação teve uma pontuação de 0,637, enquanto os subíndices renda (0,739) e longevidade (0,816) alcançaram níveis maiores.
Embora seja o componente com pior marcação, foi na educação que mais houve avanço nas duas últimas décadas, ressaltaram os pesquisadores. Em 1991, a educação tinha um IDHM 0,279, o que representa um salto de 128% se comparado à pontuação de 2010. "Saímos de um patamar muito baixo e isso mostra o esforço que o País fez na área", avaliou Marco Aurélio Costa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos parceiros na realização do estudo. "A gente ainda não está bem, o IDHM educação é o que menos contribuiu e onde temos os maiores desafios para superar", concluiu.
Longevidade. O componente da longevidade, por sua vez, que é calculado pela expectativa de vida da população ao nascer, é a área na qual o Brasil apresenta melhor pontuação. É o único componente que está na faixa classificada pela pesquisa como um IDHM 'Muito Alto', quando o índice ultrapassa 0,800. Desde 1991 como o subíndice mais bem avaliado, foi também na longevidade em que a variação ao longo dos últimos 20 anos foi menor. O IDHM Longevidade era de 0,662 em 1991, de 0,727 em 2000 e de 0,816, na atual edição.
Já a renda mensal per capita saltou 14,2% no período, o que corresponde a um ganho de R$ 346,31 em 20 anos. As três instituições que elaboram o Atlas - PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro - ressaltam que 73% dos municípios avançaram acima do crescimento da média nacional. No entanto, há 11% de municípios com IDHM Renda superior ao do Brasil, "evidenciando a concentração de renda do País".

Bloomberg talvez seja a principal força no transporte mundial...

30/07/2013 - 03h15

Prefeito de NY faz campanha global na área de transporte

MATT FLEGENHEIMER
DO "NEW YORK TIMES"


The New York Times
Graças ao prefeito de Nova York, Michael R. Bloomberg, as ruas logo poderão contar com muitas ciclovias. As ruas da Turquia, pelo menos.

Também como parte da aposta de Bloomberg de que um bom transporte público desencoraja o uso de carros particulares, o número de corredores exclusivos para ônibus irá aumentar. Isso no Brasil e no México.
Bloomberg também conseguiu que câmeras de controle de velocidade fossem instaladas em um importante anel viário: o do Cairo, no Egito.
Apesar da frustação em casa, por conta dos legisladores, de um setor de táxis entrincheirado e de uma cidade em que uma simples ciclovia pode inspirar anos de litígio, Bloomberg encontrou sucesso no exterior ao promover e financiar uma agenda de transporte global em seus últimos anos como prefeito.
Daniel Marenco 19. jun.2012 - /Folhapress
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, durante o encontro dos prefeitos do C40 no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, durante o encontro dos prefeitos do C40 no Rio de Janeiro
Desde 2007, a fundação Bloomberg Filantropias aplicou mais de US$ 130 milhões em políticas de trânsito e segurança viária em todo o mundo.
Ele presenteou crianças com capacetes amarelos em Hanói, no Vietnã, e ajudou a montar uma frota de autorriquixás em Rajkot, na Índia. Pressionou com sucesso a redução do limite legal de álcool no sangue em Guadalajara, no México -onde "tequila e estradas não se misturam", como ele disse em 2011-, e armou policiais no Camboja com bafômetros.
Especialistas em políticas de trânsito e saúde pública dizem que Bloomberg talvez seja a principal força no transporte mundial. "Nunca vimos nada parecido", disse o doutor Etienne Krug, da Organização Mundial de Saúde. "Esse é de longe o maior projeto de trânsito internacional já feito."
Bloomberg espera provocar grandes mudanças em um curto espaço de tempo, segundo assessores, exibindo sua impaciência característica e uma sede de influência em grande escala.
Sem intervenção, os acidentes de trânsito seriam a quinta maior causa de mortes até 2030, segundo a OMS. A fundação Bloomberg concentrou seus esforços em grandes cidades de dez países -incluindo China, Índia e Rússia-, que representam aproximadamente a metade das mortes relacionadas a acidentes de trânsito no mundo.

"Não somos tão ricos quanto vocês em Nova York", disse Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, onde Bloomberg auxilia a instalação de quatro novos corredores de transporte rápido para ônibus, preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. O exemplo de Bloomberg é tão animador que o Rio de Janeiro decidiu usar outras ideias de Nova York sem a ajuda dele, disse Paes.

FRUSTRAÇÃO
Em Nova York, porém, Bloomberg muitas vezes se frustrou em relação a transportes.
Sua proposta de cobrar mais dos motoristas para dirigir nas partes mais movimentadas da cidade não deu certo. O plano de uma frota quase uniforme de táxis amarelos foi invalidado no tribunal, apesar de a cidade ter aprovado um novo conjunto de regras em junho na esperança de reanimá-lo.
Às vezes, sua frustração transparece. Em maio, segundo um processo movido contra ele por um queixoso no caso dos táxis, Bloomberg ameaçou: "Quando eu deixar o cargo, vou destruir sua indústria".
(Inicialmente Bloomberg disse que não se lembrava da conversa, mas pareceu estar se referindo ao episódio dias antes de o processo ser iniciado.)
Em março, quando ficou claro que o momento para as câmeras de controle de velocidade havia estagnado na câmara estadual, Bloomberg atacou os legisladores, culpando-os pessoalmente pelas futuras mortes de crianças devido à velocidade no trânsito. Três senadores que ele mencionou votaram mais tarde a favor da lei.
Em outras cidades americanas, a marca do transporte de Bloomberg é menos pronunciada, por enquanto.
Ele projetou sua filantropia como uma extensão de suas iniciativas locais. Invocou recentemente o trabalho de sua fundação em uma entrevista coletiva, elogiando a aprovação da lei das câmeras de velocidade, em junho, para a cidade de Nova York. Em um discurso em 2011, Bloomberg citou as "ilhas" expandidas de NY, suas novas placas de trânsito e a indústria de ciclotáxis melhor regulamentada, ao explicar suas metas de trânsito mais amplas.
"Nosso histórico de melhorar a segurança em Nova York me encorajou a tentar copiar esse mesmo sucesso em todo o mundo", disse na época. "A segurança nas estradas não tem sido tipicamente uma prioridade, mas o número de vidas que poderiam ser salvas é incrível."
Há muito tempo, ele se orgulha particularmente da queda do número de mortes no trânsito na cidade durante seu mandato, embora as 274 mortes relacionadas ao trânsito em 2012 tenham sido o maior número desde 2008.

TROPEÇOS
A filantropia do prefeito sofreu ocasionais bloqueios no exterior, mas alguns tropeços foram compreensíveis. Depois de instalar as câmeras de velocidade, entre outros esforços, a fundação suspendeu as operações no Egito por causa da rebelião política. "A polícia estava ocupada demais com outras coisas", disse o doutor Krug.
Na Índia, onde a equipe de Bloomberg avaliou cerca de 4.200 quilômetros de estradas de alto risco para potenciais aperfeiçoamentos de segurança, as leis sobre uso de capacetes pareciam difíceis de aplicar sem provocar tensões religiosas, disse o doutor Krug. Em comunidades com grandes populações sikh, alguns moradores interpretaram as leis como uma discriminação contra os que usam turbantes.
Mas, em muitas regiões, Bloomberg deu passos rápidos. Em Suzhou, na China -onde mais da metade das hospitalizações ligadas ao trânsito foram causadas por choques com bicicletas elétricas, segundo a fundação-, autoridades do programa ajudaram a traçar novos regulamentos para esses veículos. No Vietnã, o uso de capacetes por motociclistas mais que duplicou, para 90%, desde que Bloomberg e os parceiros da fundação ajudaram a aprovar uma lei nacional. A fundação estima que seus esforços vão poupar pelo menos 13 mil vidas em um período de cinco anos.
Para Bloomberg, o trabalho forneceu uma útil credencial para citar durante disputas locais, como a sobre o uso de capacetes no novo programa de compartilhamento de bicicletas em Nova York.
O governo já apoiou uma lei de capacete obrigatório para ciclistas, mas, desde então, resistiu aos pedidos para exigir o equipamento. (As autoridades disseram que os capacetes obrigatórios diminuem a opção pela bicicleta.)
Questionado no ano passado sobre essa posição, o prefeito apresentou seu trunfo: "Bem, veja", disse ele, "lembre-se de que minha fundação defende a segurança no trânsito".

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fins pacíficos...

23/07/2013 - 03h00

Avião não tripulado ajuda bombeiros a combater incêndios


 
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The New York TimesQuando o vento muda de direção, um incêndio florestal pode sofrer uma guinada radical -e os bombeiros que o combatem podem depender dos seus olhos e instintos para perceber se estão em perigo. Mas, às vezes, como parece ser o caso da morte de 19 bombeiros de elite em 30 de junho no Arizona, já é tarde demais.
Claro que a melhor forma de combater incêndios catastróficos é impedir que eles cresçam até uma escala catastrófica.
Os cientistas preveem que o aquecimento global tornará mais comuns os incêndios florestais. Até 2050, preveem os especialistas, a extensão anual de florestas queimadas crescerá 50% nos EUA. Por isso, as autoridades e os especialistas se valem cada vez mais da tecnologia para se contrapor aos traiçoeiros incêndios florestais.
Em simulações por computador, o Serviço Florestal dos EUA provoca dezenas de milhares de incêndios virtuais -levando em conta diferentes padrões climáticos, a topografia, a vegetação e padrões climáticos históricos.
Os satélites climáticos capturam tempestades à medida que elas se formam, dando pistas sobre as rajadas de vento que costumam acompanhá-las. Aeronaves não tripuladas guiadas por controle remoto, ao sobrevoar um incêndio, podem tirar fotos infravermelhas para mostrar alterações nas suas bordas.
Tom Tingle/Associated Press
Último grande incêndio no Arizona causou 19 mortes, e, na Califórnia, cinco pessoas morreram em 2006; tecnologia em teste protege a vida dos bombeiros
Último grande incêndio no Arizona causou 19 mortes, e, na Califórnia, cinco pessoas morreram em 2006; tecnologia em teste protege a vida dos bombeiros
Essas imagens podem ser transmitidas para tablets Android e iPads usados pelos bombeiros. "Toda essa informação poderia ficar disponível em tempo real para que as pessoas possam consultá-la enquanto estiverem combatendo o fogo", disse Tim Sexton, que dirige o programa Pesquisa, Desenvolvimento e Aplicação da Gestão de Incêndios Agrestes, ligado ao Serviço Florestal.
Neste verão boreal, num programa piloto, o Serviço Florestal está testando tablets Android. No ano passado, a agência testou iPads e smartphones. "Eles [iPads] superaram as expectativas", disse Laura Hill, planejadora estratégica de tecnologias da informação do Serviço Florestal.
O Serviço Florestal usa uma mescla de softwares comerciais e aplicativos criados especialmente para as necessidades dos bombeiros. Hill disse que a agência também espera usar a computação em nuvem. Florestas em chamas geralmente não têm torres de telefonia celular. "O verdadeiro obstáculo agora é levar o acesso à internet aos locais de incêndio", disse Sexton.
Às vezes, o Serviço Florestal é capaz de instalar uma torre de telefonia celular ou uma conexão por micro-ondas com a empresa telefônica local, para permitir que os bombeiros se comuniquem entre si usando pequenas antenas.
Hill disse que outra possibilidade é uma rede de computadores que permita a partilha de informações entre os bombeiros. Se, por exemplo, o líder do grupo tivesse conexão via satélite com a internet, ele poderia baixar e compartilhar informações. Mesmo se a conexão à internet falhasse, os bombeiros poderiam continuar partilhando informações entre si.
Essa tecnologia já é usada nos EUA pelas Forças Armadas, pelo Departamento de Segurança Doméstica e pela Agência Federal de Gestão de Emergências.
Outro desafio é reunir um conhecimento mais completo sobre um incêndio. Para os maiores, aeronaves equipadas com sensores de infravermelho voam à noite, produzindo um mapa. Mas atualizações durante o dia se baseiam em relatos visuais incompletos e inexatos.
Um avião não tripulado pode passar horas vagando sobre o incêndio. A Administração Aeronáutica e Espacial Nacional colaborou com o serviço de combate a incêndios em 2007, oferecendo uma versão modificada do "drone" Predator, equipada com sensores de infravermelho. Os sensores acompanhavam movimentos dos incêndios que, de outra forma, seriam escondidos pela fumaça.
Para Sexton, no futuro, as pessoas em postos de comando poderão ver a posição precisa de cada bombeiro por meio de um receptor de GPS, assim como a propagação atual do incêndio.
Eles também teriam acesso a informações como as zonas calculadas de segurança às quais cada bombeiro poderia recuar, segundo Sexton.
"Poderíamos examinar remotamente as localizações dos bombeiros em relação a onde o fogo está e a assinatura de calor que ele está produzindo. Assim, talvez antever o movimento dos incêndios antes que eles atinjam as equipes."

sábado, 27 de julho de 2013

Derretimento do Ártico custa US$ 60 trilhões ao planeta

25/07/2013 - 03h13

Derretimento do Ártico custa US$ 60 trilhões ao planeta

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A emissão de gás metano pelo derretimento do solo congelado no Ártico vai acelerar a mudança climática e trará um prejuízo global de U$ 60 trilhões até 2100.
Mais de 80% dos danos, dizem os autores da estimativa, serão em países pobres, longe dos ursos polares.
Esses números são os valores médios de uma simulação feita por cientistas da Holanda e do Reino Unido, apresentada na revista "Nature".
Josh Haner/The New York Times
Bolhas de gás metano escapam do lago nevado no Ártico
Bolhas de gás metano escapam do lago nevado no Ártico
Para entrelaçar economia e ambiente, os cientistas usaram um método similar ao do relatório Stern, o modelo mais completo já feito sobre o impacto financeiro do aquecimento global, bancado pelo governo britânico em 2006.
O pesquisadores incluíram na nova simulação as consequências da liberação de metano do permafrost (solo permanentemente congelado) da Sibéria. Esse gás deve acelerar o aquecimento global e contribuirá para piorá-lo.
Segundo os cientistas, a emissão de 50 bilhões de toneladas de metano aprisionados na região causaria um aumento de 15% no impacto financeiro descrito no relatório Stern, que estimava em US$ 400 trilhões a perda econômica gerada pelo aquecimento até 2100.
BOMBA-RELÓGIO
"Isso é uma bomba-relógio econômica que não vem sendo sendo reconhecida atualmente no plano mundial", diz Gail Whiteman, da Universidade Erasmus, de Roterdã, líder do trabalho.
A pesquisadora afirma que adiantou a liberação dos dados de seu estudo porque o aquecimento do Ártico vinha sendo discutido em clima de otimismo por países boreais.
William Mur/Ed. de arte/Folhapress
Como 30% das reservas não mapeadas de gás e 13% das de petróleo estão lá, a seguradora Lloyd's of London estima que o investimento na região possa atingir US$ 100 bilhões nos próximos dez anos.
E a exploração do Ártico será facilitada pelo derretimento do gelo em si, que abre rotas de navegação e barateia o transporte.
O retorno do capital, porém, precisaria ser três ordens de magnitude maior para compensar os danos globais. E os países que teriam algum lucro não são os mais ameaçados pela mudança climática, que afetará terras agricultáveis tropicais. "Por isso queremos levar essa discussão ao Fórum Econômico Mundial", diz Whiteman.
Segundo os cientistas, há pouca esperança de evitar a liberação do metano siberiano, mesmo que as emissões de CO2 sejam reduzidas.
Os cenários com os quais os pesquisadores trabalham variam entre uma liberação em dez anos até uma em trinta anos, mas o impacto econômico acumulado seria quase o mesmo.
A única opção regional de medida paliativa é controlar a circulação de navios e a exploração de petróleo para evitar a emissão de carbono negro (forma de fuligem), que faz o gelo absorver radiação.
Os cientistas reconhecem, porém, que o estudo ainda é muito impreciso. Mas isso também não é boa notícia.
"No escopo da simulação, há 5% de chance de que o prejuízo seja de 'apenas' US$ 10 trilhões, mas há 5% de risco de que o impacto seja de US$ 220 trilhões", diz Chris Hope, da Universidade de Cambridge, coautor do trabalho.

Sustentabilidade...

Inter Press Service - Reportagens
08/7/2013 - 09h44

A esquerda quer orientar enxame das redes sociais brasileiras



por Fabiana Frayssinet, da IPS
protestos4 A esquerda quer orientar enxame das redes sociais brasileiras

O protesto dos jovens, que se declaram afastados dos partidos, acontece em meio a uma luta ideológica. Foto: Fabiana Frayssinet/IPS

Rio de Janeiro, Brasil, 8/7/2013 – As manifestações de rua no Brasil, inicialmente apartidárias, começaram a ganhar as cores de bandeiras de agrupações políticas e sociais de esquerda, que agora tentam orientar a força de um movimento que nasceu como um “enxame” nas redes sociais. Augusto Franco, Fundador da Escola de Redes, definiu o motor que impulsionou o movimento, inicialmente em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, como um enxame, que explicou como uma “manifestação de interação que só pode ocorrer em sociedades altamente conectadas”, com as de Madri e outras cidades espanholas ou na egípcia Praça Tahrir.
Nascidas sob um objetivo pontual, reduzir a tarifa do transporte público, se constituíram nos maiores protestos depois dos registrados em 1992, que culminaram com a renúncia do presidente Fernando Collor. Desta vez começaram com cinco mil jovens e chegaram a mobilizar mais de 1,5 milhão em dez dias. Porém, com características inovadoras, segundo Franco. “Não foram convocadas centralizadamente, não havia liderança, e sim múltiplos líderes emergentes e eventuais. Não se trata de massas convocadas por organizações centralizadas, mas por multidões de pessoas agrupadas de modo distributivo”, pontuou Franco à IPS.
Um enxame sem abelha rainha que agora está em meio a uma “disputa ideológica”, segundo João Pedro Stédile, histórico dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que aderiu aos protestos. “Como essa juventude não tem uma organização de massas, as classes sociais começaram um debate ideológico. Disputam as ideias dos jovens para influenciá-los”, afirmou o dirigente em entrevista à IPS. “Por um lado está a burguesia que utilizou o Sistema Globo (multimídia) e outros meios de comunicação para colocar na boca e nos cartazes dos jovens a demanda da direita. E, por outro, a esquerda e a classe trabalhadora, que tentam ir às ruas para colocar suas próprias propostas”, explicou.
Stédile considera que os protestos começaram por uma crise urbana desta etapa do “capitalismo financeiro”. Enumera fatores com a especulação imobiliária, que nos últimos três anos elevou em 150% o preço dos aluguéis e das propriedades, e o estímulo à venda de automóveis, que gerou um trânsito “caótico”, sem investimentos paralelos efetivos em transporte público. “Os jovens não são apolíticos. Estão fazendo a melhor política, que é nas ruas. Mas não estão vinculados a partidos. Sua rejeição não é a ideologia dos partidos, mas seus métodos”, destacou.
O sociólogo Emir Sader apresentou explicações mais subjetivas, como a utopia, a rebeldia e a “saudável falta de respeito em relação às autoridades”, próprias da juventude, e que o adolescente manifestante Rafael Farias definiu para a IPS como “o calor, a intuição, o chamado”, ressaltando que “somos jovens e queremos chamar a atenção”. E foram ouvidos pelos poderes Executivo, Legislativo e Judicial, que já lhes deram respostas conjunturais, como baixar o preço do transporte, criar mecanismos contra a corrupção, destinar mais recursos à saúde e educação e debater uma adiada reforma política.
No entanto, as vozes dos jovens chegaram também aos ouvidos das organizações sociais e do amplo leque de partidos de esquerda, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT), base do governo de Dilma Rousseff. O próprio líder partidário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), os exortou a se somarem aos protestos. Segundo Lula, é preciso evitar que a direita se “aproprie” do movimento e “empurrar” o governo para a esquerda, a fim de “aprofundar as mudanças”.
“Não se trata de colocar palavras de ordem nas bocas dos jovens. Eles têm as suas e o simples fato de saírem às ruas e mostrarem sua indignação já é uma contribuição política para toda a sociedade”, opinou Stédile. “O problema é como mobilizar a classe trabalhadora, porque, quando esta se mover, poderá haver mudanças estruturais e afetar os interesses do capital e dos grandes meios de comunicação”, ressaltou. A estratégia já se refletiu nas últimas manifestações com lemas e atores mais diversificados. Desde sindicatos, movimentos pelos direitos da mulher e homossexuais, até camponeses e indígenas.
“Estamos tentando mobilizar a classe trabalhadora e incluir temas que interessam a essa classe e a todo o povo”, explicou o dirigente do MST. São propostos temas adicionais ao fortalecimento do investimento público em saúde e educação, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas, uma reforma tributária que onere os mais ricos e alivie os impostos dos mais pobres, bem como campanhas eleitorais apenas com financiamento público.
Querem reivindicações menos urbanas, como a aceleração da demarcação de terras indígenas e uma reforma agrária. Na agenda dos movimentos sociais há outras pautas, como a suspensão das concessões de mineração e de leilões na área do petróleo. “Em minha opinião, as revoltas têm bases econômicas e sociais”, afirmou Stédile. “Mais do que dar aos jovens uma direção política, é preciso pôr a classe trabalhadora em movimento, ou seja, levar também os pobres e os trabalhadores para as ruas. Este é o desafio”, ressaltou.
Um espaço representativo nas ruas, que perderam na última década de governo de um partido liderado por um dirigente sindical de longa trajetória e prestígio, como Lula, com o qual se identificavam e de quem foram se distanciado. “A esquerda, em geral, também se burocratizou em seus métodos, embora grupos desta tendência da juventude tenham apresentado, em muitas cidades, bastante incidência e conduzido de forma organizada os protestos, pontuou Stédile.
No entanto, Sader, militante do PT, entende que “a esquerda tem que disputar a direção e o sentido deste movimento com orientações claramente populares e democráticas”. É uma estratégia já conhecida na história latino-americana, cuja efetividade é duvidosa para alguns analistas e tem a aposta de outros.
“Este movimento tem uma agenda crescentemente plural. É um grito de basta. Embora grupos políticos específicos tentem capitalizar o movimento, ainda falta ver o resultado”, disse à IPS o historiador Marcelo Carreiro. Por sua vez, o economista Adhemar Mineiro afirmou “que o governo estará em bom caminho se sair dos trilhos aos quais retornou com o velho discurso de ajuste e competitividade e se dirigir às massas que estão nas ruas para debater um novo modelo de desenvolvimento”.
O poder de convocação dos sindicatos e organizações sociais será sentido no dia 11em sua “jornada nacional de luta e paralisação”. “Constatamos que os meios de comunicação e setores conservadores e de direita tentam influenciar as mobilizações com objetivos alheios aos interesses da maioria do povo brasileiro”, afirmou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das 77 organizações que convocam a manifestação. Por isso, é “de fundamental importância a participação organizada da classe trabalhadora neste novo cenário, para encontrar uma saída positiva para essa situação”, enfatizou. Envolverde/IPS
(IPS) 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Marte sofreu perda precoce da maior parte da atmosfera...seremos os próximos?

19/07/2013 - 03h07

Marte sofreu perda precoce da maior parte da atmosfera

RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/07/1313327-marte-sofreu-perda-precoce-da-maior-parte-da-atmosfera.shtml

Quando era um jovem com menos de 500 milhões de anos, Marte sofreu uma catástrofe que desligou seu campo magnético, deixou-o exposto a fortes ventos solares e o fez perder quase toda a sua atmosfera.
Essa é a história mais plausível para a infância do planeta, de acordo com as descobertas mais recentes do jipe-robô Curiosity.
A conclusão está em dois estudos publicados hoje na revista "Science", que revelam com precisão inédita a composição do ar em Marte.
Já se desconfiava que o planeta tinha perdido ar no passado, mas ao analisar detalhes na composição de diferentes gases, cientistas se deram conta de que a erosão atmosférica inicial foi muito mais brusca do que se pensava, e só depois se amainou.
Após nascer com uma atmosfera espessa, com pressão centenas de vezes maior que a da Terra, Marte rapidamente perdeu quase todo seu ar e se tornou, talvez, parecido com nosso planeta. A erosão continuou, porém, e hoje o ar marciano é tão rarefeito que sua pressão é de menos de um centésimo daquela na superfície terrestre.
Os cientistas conseguiram deduzir esse histórico de perda de atmosfera porque os átomos mais leves de um gás se concentram no alto da atmosfera, e o vento solar os empurra para fora do planeta com mais facilidade. A proporção de gás argônio com peso atômico 36 para o argônio com peso atômico 40, por exemplo, era maior antes de a atmosfera sofrer erosão.
Cientistas ainda debatem o que pode ter causado essa perda de atmosfera tão brusca, e isso deve ter a ver com o campo magnético do planeta, que dependia de um fluxo de magma em seu interior. Caso esse magma tenha se solidificado, o magnetismo se esvaiu e deixou o planeta exposto ao vento solar, que era mais forte naquela época. Outra hipótese é a de uma grande colisão ter desestabilizado o fluxo de magma.
Para Paul Mahaffy, líder de um dos estudos, impactos com asteroides e cometas podem ter dado conta de afinar a antiga atmosfera marciana.
Editoria de Arte/Folhapress
CONDIÇÕES AMENAS
A missão do Curiosity é investigar a possibilidade de Marte ter tido condições favoráveis à vida no passado, mas ainda não está claro se a história da perda precoce da atmosfera do planeta é notícia boa ou ruim para isso.
Certamente, não é um impeditivo, pois ao menos durante algum tempo a pressão atmosférica do planeta foi adequada para manter água líquida, cujo fluxo deixou sinais em rochas. "A questão é quanto tempo essa água durou", disse Mahaffy à Folha. "É plausível que ela tenha persistido bastante tempo sob uma atmosfera não tão pesada quanto a inicial."
Chris Webster, líder do outro estudo da Nasa que sai hoje, se diz otimista. Mesmo que a atmosfera de Marte tenha sido reduzida a um décimo do tamanho original logo no início, diz, ela ainda teria um valor razoável, e só ao longo do tempo teria sido encolhida para o valor atual.
"Houve um período em que a atmosfera de Marte era similar à nossa, e havia água líquida", diz. "É preciso levar em conta, claro, que a superfície de Marte é muito cruel, com muita radiação ultravioleta, mas abaixo da superfície há a possibilidade de ter havido um monte de ingredientes necessários à vida."
Essas condições amenas, porém, estariam com os dias contados, pois o fim do campo magnético de Marte o levaria a continuar a perder atmosfera e pressão.
Em novembro, a Nasa enviará a Marte a sonda Maven, que vai investigar a atual taxa de perda atmosférica.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sumiço de borboletas indica queda de biodiversidade na Europa

23/07/2013 - 13h19

Sumiço de borboletas indica queda de biodiversidade na Europa

DA DEUTSCHE WELLE
http://www1.folha.uol.com.br/dw/1315304-sumico-de-borboletas-indica-queda-de-biodiversidade-na-europa.shtml

Relatório indica intensificação da agricultura como um dos principais fatores para a diminuição das borboletas na região. Mudanças climáticas também contribuíram para sumiço de metade da população desses insetos.
Nas últimas duas décadas, a população de borboletas diminuiu 50% nas regiões de pradaria na Europa - principal habitat desses insetos no continente. Essa redução indica uma perda de biodiversidade preocupante na região, segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente, EEA, divulgado nesta terça-feira (23/07).
A pesquisa analisou dados de 1990 a 2011 sobre 17 espécies de borboletas em 19 países europeus. Esse tipo de inseto é um indicador importante para apontar tendências para outros insetos terrestres que, juntos, formam mais de dois terços de todas as espécies do planeta. Por isso, a agência usa as borboletas como base para medir a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas na Europa.
"Essa dramática redução de borboletas de pradaria é alarmante - em geral, esses habitats estão diminuindo. Se nós não conseguirmos mantê-los, nós poderemos perder muitas espécies no futuro", ressaltou Hans Bruyninckx, diretor executivo da EEA. Ele chama a atenção para a importância das borboletas e outros insetos na polinização. "O que eles carregam é essencial para os ecossistemas naturais e para a agricultura."
Das espécies analisadas, oito registram declíno, duas permaneceram estáveis e apenas a população de uma cresceu. O relatório não conseguiu observar a tendência das demais seis espécies examinadas.
AGRICULTURA
Os principais fatores para essa queda é intensificação da agricultura em regiões planas e de fácil cultivo, aponta o estudo. A prática deixa a terra estéril e prejudica a biodiversidade. Outros motivos seriam o abandono de terras em áreas montanhosas e úmidas, principalmente nas regiões sul e leste da Europa, devido à baixa produtividade. "Sem qualquer forma de administração nesses locais, a pradaria será gradualmente substituída por mato e floresta", indica o relatório.
Além disso, a intensificação e o abandono também são responsáveis pela fragmentação e o isolamento das regiões remanescentes. Dessa maneira, as chances de sobrevivência das espécies locais e de recolonização em áreas onde elas foram extintas ficam reduzidas.Os pesquisadores apontam o uso de pesticidas como outro vilão - levados pelo vento, eles acabam matando as larvas desses insetos.
"O Indicador Europeu de Borboletas de Pradaria pode ser usado para avaliar o sucesso de políticas agrícolas", afirma a EEA. Segundo o relatório, o financiamento sustentável de indicadores de borboletas pode contribuir para validar e reformar uma série de políticas e ajudar a atingir a meta dos governos europeus de reduzir a perda de biodiversidade até 2020.

CONTADORES DE BORBOLETAS
Estima-se que, das 436 espécies de borboletas presentes na Europa, 382 sejam encontradas em regiões de pradaria em pelo menos um país europeu. Desde de 1950, a vegetação sofre alterações devido ao uso do solo e, em alguns países, ela pode ser encontrada apenas em áreas de reserva natural atualmente.
Milhares de profissionais treinados e voluntários contribuíram para a realização do estudo: eles contaram borboletas em aproximadamente 3500 faixas de pradarias espalhadas pela Europa. Na região, o primeiro trabalho do tipo foi feito pelo Reino Unido, em 1976.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Oslo é uma cidade que importa lixo

18/06/2013 - 03h00

Noruega importa lixo para produzir energia

DO "NEW YORK TIMES"

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2013/06/1296446-noruega-importa-lixo-para-produzir-energia.shtml

The New York Times
Oslo é uma cidade que importa lixo. Parte vem da Inglaterra, parte vem da Irlanda e parte vem da vizinha Suécia. Ela inclusive tem planos para o mercado americano.

"Eu gostaria de receber alguma coisa dos Estados Unidos", disse Pal Mikkelsen em seu escritório, numa enorme usina na periferia da cidade, onde o lixo é transformado em calor e em eletricidade. "O transporte marítimo é barato."
Oslo, onde metade da cidade e a maioria das escolas são aquecidas pela queima do lixo -lixo doméstico, resíduos industriais e até resíduos tóxicos e perigosos de hospitais e apreensões de drogas-, tem um problema: o lixo para queimar se esgotou.
O problema não é exclusivo de Oslo. Em toda a Europa setentrional, onde a prática de queimar lixo para gerar calor e eletricidade disparou nas últimas décadas, a demanda por lixo é muito superior à oferta.
A meticulosa população do norte europeu produz apenas cerca de 136 milhões de toneladas de resíduos por ano, muito pouco para abastecer usinas incineradoras capazes de consumir mais de 635 milhões de toneladas.
"Mas os suecos continuam a construir [mais usinas], assim como a Áustria e a Alemanha", disse Mikkelsen, 50, engenheiro mecânico que há um ano é o diretor-gerente da agência municipal encarregada da transformação de resíduos em energia.
De navio e de caminhão, incontáveis toneladas de lixo viajam de regiões onde há excesso de resíduos para outras que têm capacidade para queimá-las e transformá-las em energia. A maioria das pessoas no país aprova a ideia.
Os ingleses também gostam. A empresa de Yorkshire que lida com a coleta de lixo no norte da Inglaterra atualmente embarca até 907 toneladas de lixo por mês para os países do norte da Europa, incluindo a Noruega, de acordo com Donna Cox, assessora de imprensa da prefeitura de Leeds. Um imposto britânico sobre os aterros sanitários faz com que seja mais barato enviar o lixo para lugares como Oslo.
The New York Times
Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
Para alguns, pode parecer bizarro que Oslo recorra à importação de lixo para produzir energia. A Noruega está entre os dez maiores exportadores mundiais de petróleo e gás e tem abundantes reservas de carvão e uma rede de mais de 1.100 usinas hidrelétricas em suas montanhas, ricas em água.
Mikkelsen, no entanto,disse que a queima do lixo é "um jogo de energia renovável para reduzir o uso de combustíveis fósseis".
Já Lars Haltbrekken, presidente da mais antiga entidade ambientalista da Noruega, afirmou que, do ponto de vista ambiental, a tendência de transformar resíduos em energia constitui um grande problema, por gerar pressão pela produção de mais lixo.
Numa hierarquia de objetivos ambientais, disse Haltbrekken, a redução da produção de resíduos deveria estar em primeiro lugar, ao passo que a geração de energia a partir do lixo deveria estar no final. "O problema é que a nossa prioridade mais baixa conflita com a mais alta", disse ele.
Em Oslo, as famílias separam seu lixo, colocando os restos de comida em sacos plásticos verdes, os plásticos em sacos azuis e os vidros em outro lugar. Os sacos são distribuídos gratuitamente em mercearias e outras lojas.
Mikkelsen comanda duas usinas. A maior delas usa sensores computadorizados para separar os sacos de lixo codificados por cor.
A separação do lixo orgânico, incluindo os restos de comida, passou a permitir que Oslo produza biogás, o qual já abastece alguns ônibus no centro da cidade.
Outras áreas da Europa estão produzindo grande quantidade de lixo, incluindo o sul da Itália, onde lugares como Nápoles pagaram a cidades da Alemanha e da Holanda para que aceitem seus resíduos, ajudando a neutralizar uma crise napolitana na coleta do lixo. No entanto, embora Oslo tenha cogitado receber o lixo italiano, a cidade preferiu continuar com o inglês, considerado mais limpo e seguro. "É uma questão delicada", diz Mikkelsen.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Não comerás carne…

Ambiente
22/7/2013 - 08h40

TERRAMÉRICA – Não comerás carne…


http://envolverde.com.br/ambiente/nao-comeras-carne/

por Emilio Godoy*
VacasHolsteinBigstock TERRAMÉRICA   Não comerás carne...
Exemplares de gado Holstein submetidos a criação intensiva. Foto: Bigstock
Na obesa sociedade mexicana, o movimento Segunda sem Carne começa a sacudir os maus hábitos.
Cidade do México, México, 22 de julho de 2013 (Terramérica).- O décimo primeiro mandamento poderia ser: “não comerás carne… pelo menos um dia por semana”. Esse objetivo, modesto em um mundo cada vez mais carnívoro, é buscado por um movimento que ganhou força nos Estados Unidos em 2003 e que se estende lentamente na América Latina, com presença no México, Panamá e Brasil.
“É uma ferramenta para convidar as pessoas a variarem, de forma simples, sua dieta e diminuir o consumo de carne”, disse ao Terramérica a presidente do capítulo mexicano do Segunda sem Carne, Ana Arizmendi. “E chega em um momento muito conjuntural: o país tem uma crise de saúde pública, e tanto os indivíduos como as instâncias políticas e privadas estão muito receptivas a se abrirem a alternativas saudáveis”, acrescentou. Esse problema é a obesidade.
Este país com mais de 118 milhões de habitantes é um dos mais gordos do mundo, superando inclusive os Estados Unidos, afirma o documento O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação 2013, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A obesidade afeta 32,8% das pessoas adultas, e mais de 30% das crianças entre cinco e 11 anos são obesas ou têm sobrepeso, afirma a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição 2012. Pelo menos 6,4 milhões de mexicanos sofrem de diabete.
“A raiz da obesidade é multifatorial, e uma delas é balancear muito mais nossa alimentação e reduzir o consumo de carne e embutidos”, afirma a nutricionista, formada na Universidade de León, na Espanha, e responsável pela iniciativa no México desde 2011. O Segunda sem Carne tem uma origem remota, a Primeira Guerra Mundial (1914-1919), quando o governo dos Estados Unidos começou a promover uma queda no consumo popular de carne e de trigo para aumentar as reservas de suas tropas e aliados.
O ex-publicitário norte-americano Sid Lerner ressuscitou o conceito em 2003, em associação com o Center for a Livable Future, da Universidade Johns Hopkins. A campanha defende uma redução na ingestão de carne vermelha para minimizar o risco de diabetes, hipertensão, câncer e doenças cardiovasculares, e também para reduzir os impactos ambientais da pecuária intensiva.
A FAO estima que a indústria de carnes responda por um quinto dos gases-estufa liberados por atividades humanas. O gado necessita de muita mais água do que as hortaliças e os cereais e sua produção também implica grande consumo de combustíveis fósseis.
Além disso, na carne “muitas vezes se usa glutamato monossódico, e esse aditivo contém riscos para a saúde. Promovemos que se evite o consumo de alimentos e bebidas industrializadas, por conterem quantidades altíssimas de gordura, sal e açúcar”, disse ao Terramérica a pesquisadora em saúde alimentar da organização O Poder do Consumidor, Katia García. Para ela, se deveria retornar aos hábitos da dieta tradicional mexicana, “alta em fibra, vitaminas, minerais e proteínas de grande valor nutritivo, e consumo apenas de água potável”.
O Poder do Consumidor é uma das 22 organizações que formam a Aliança pela Saúde Alimentar que conduz a campanha contra bebidas gasosas intitulada “Você comeria 12 colheres de açúcar?”. A atenção com os diabéticos custou aos cofres mexicanos US$ 3,872 bilhões em 2012, segundo estimativas da Pesquisa Nacional. Contudo, não é fácil mudar os hábitos. “Não há um estilo alimentar único, nossa responsabilidade é encontrar o que nos mantenha saudáveis”, opinou Arizmendi, cujos pacientes são majoritariamente mulheres entre 25 e 45 anos.
Este ano, o Segunda sem Carne prepara um intenso programa de difusão por internet e redes sociais, junto com capacitação para promotores, cursos e painéis em escolas e restaurantes de empresas. “Ainda não conseguimos que algum município se comprometesse em ter segundas-feiras sem carne, mas agora queremos fazer esse tipo de difusão municipal e em empresas e escolas. É algo novo, e tem muito campo para percorrer”, ressaltou Arizmendi, que se declara onívora.
Nos Estados Unidos, o movimento organiza uma campanha dirigida à comunidade hispânica, que imitou os maus hábitos da mesa norte-americana, repleta de gorduras, sal, açúcar e farinhas. Deste lado da fronteira, o fenômeno se repete. Conforme melhorou a renda média das famílias mexicanas nas duas últimas décadas, aumentou o consumo de carnes, um símbolo de ascensão social.
Em 1970, o consumo de carnes era de 23 quilos por pessoa, em 1990 subiu para 34, e agora é de 63 quilos, segundo o Serviço de Informação Agroalimentar e Pesqueira. A carne de ave encabeça as preferências da dieta carnívora mexicana, com 29,5 quilos, seguida da bovina, com 17,4, e da suína, com 15 quilos. Na América Latina, o Uruguai é o campeão do consumo de carnes, com 98 quilos por pessoa, seguido de Argentina, com 96,9, Brasil, com 85,3, e Chile, com 73,9.
A variedade da gastronomia mexicana oferece muitas opções apetitosas e nutritivas. “Pode-se misturar um cereal e uma oleaginosa. Por exemplo, as proteínas da tortilha e do feijão se complementam e aumentam seu valor proteico. É importante o consumo de proteína para evitar algum tipo de deficiência, e a proteína vegetal tem maior benefício”, afirma García.
Muitas celebridades aderiram ao Segunda sem Carne, presente em mais de 23 países. E são várias as cidades que adotaram a iniciativa em hospitais, escolas, escritórios e restaurantes. O governo mexicano prepara uma política específica para a obesidade, que incluirá medidas reguladoras para os alimentos. Envolverde/Terramérica
* O autor é correspondente da IPS. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

É o sal de cozinha, e não a comida industrializada, a principal fonte de sódio dos brasileiros.

21/07/2013 - 02h01

Um quarto do sódio ingerido no Brasil vem de comida processada

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/07/1314065-um-quarto-do-sodio-ingerido-no-brasil-vem-de-comida-processada.shtml

É o sal de cozinha, e não a comida industrializada, a principal fonte de sódio dos brasileiros. Ele responde por 71,5% do total do nutriente ingerido no país.
A conclusão é de estudo da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) com base em dados do IBGE de 2008 e 2009, obtido com exclusividade pela Folha. Os resultados têm aval do Ministério da Saúde.
Cada brasileiro consome, em média, 4,46 gramas de sódio por dia-o equivalente a 11,38 gramas de sal. O limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde é menos da metade: 5 g de sal (equivalente a 2 g de sódio).
Editoria de Arte/Folhapress
O nutriente é associado a maior risco de pressão alta e de doença cardiovascular.
Os produtos da indústria responderam por 23,8% do total da ingestão de sódio. "Essa acusação pesada em cima de nós, de que respondíamos por 80% do sódio consumido, se mostrou inverídica. Os dados do IBGE são insuspeitos", afirma Edmundo Klotz, presidente da Abia.
Segundo ele, as constatações do estudo não alteram o acordo com o Ministério da Saúde de reduzir 20.491 toneladas de sódio dos alimentos processados até 2020.
Pelo cronograma, o macarrão instantâneo deve estar hoje com 32,4% a menos de sódio, e a margarina vegetal deve chegar ao fim do próximo ano 57% menos salgada.
Eduardo Nilson, coordenador substituto de alimentos e nutrição do Ministério da Saúde, diz que Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já está recolhendo amostras e verificando rótulos para checar se o acordo está sendo cumprido.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), as metas estabelecidas são "tímidas", mantendo o consumo de sódio elevado e com pouca alteração do cenário atual do mercado.
Danilo Bandeira/Editoria de Arte/Folhapress
Sophie Deram, nutricionista do ambulatório de obesidade infantil do HC da USP, levanta uma outra questão: alimentos que ficaram fora do acordo, como alguns refrigerantes e sucos diet e light.
"São supostamente saudáveis, mas estão cheios de sal. A indústria baixou os níveis, mas há ainda muito sódio escondido", afirma.
Nilson, do ministério, diz que, em um primeiro momento, houve a necessidade de priorizar alimentos industrializados mais consumidos, mas que outras categorias podem entrar em acordo futuro.
Segundo o estudo da Abia, a maior parte do sódio foi consumida nas residências, sendo 59,7% do sal de cozinha. Outros 11,8% vieram do sal adicionado à alimentação fora de casa.
"Foi uma surpresa a indústria responder só por um quarto do sódio, e o sal de cozinha ser o grande vilão", afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC.
Na sua opinião, fica evidente a necessidade de campanhas públicas para a redução do sal no preparo e no consumo de alimentos. O ministério diz que já existem campanhas do gênero voltadas para mães e escolares.
"A população tem tendência de colocar muito sal nos alimentos e ainda adicionar mais quando come fora", afirma Sophie Deram, francesa.
Alguns restaurantes de São Paulo já estão retirando o sal da mesa, e só o colocam à pedido do cliente. O advogado Carlos Nunes, 56, diz que se surpreendeu com a novidade em um restaurante do Itaim (zona oeste de São Paulo).
"Colocava sal antes mesmo de experimentar a comida. Agora penso duas vezes."
A região Norte registrou o maior volume de consumo de sódio do país, com 5,41 g por habitante por dia (13,8 g de sal). Só o sal de cozinha respondeu por 10,8 g. Já no Sudeste, os alimentos industrializados foram responsáveis por 29,6% do sódio ingerido.

sábado, 20 de julho de 2013

15 novas espécies de aves são descritas na Amazônia

15 novas espécies de aves são descritas na Amazônia


Publicação conjunta de quatro grupos de pesquisadores traz a maior quantidade de espécies inéditas de uma vez só desde 1871

17 de julho de 2013 | 2h 07

Giovana Girardi - O Estado de S.Paulo
Choquinha-do-rio-roosevelt (Epinecrophylla dentei), achada na região do Rio Aripuanã - Fabio Schunck/Divulgação
Fabio Schunck/Divulgação
Choquinha-do-rio-roosevelt (Epinecrophylla dentei), achada na região do Rio Aripuanã
De uma tacada só, 15 novas espécies de aves foram descritas na Amazônia brasileira em uma edição especial doHandbook of the Birds of the World, uma espécie de enciclopédia com todas as aves conhecidas do mundo.

Lançada no fim de junho, a publicação traz as descobertas que quatro grupos de ornitólogos do Brasil e do exterior fizeram nos últimos anos. 

A quantidade surpreende. Desde 1871 não eram descritas tantas espécies de aves brasileiras de uma vez só, em uma única obra. Não é à toa. Apesar de na Amazônia não ser raro de vez em quando descobrir um bicho novo, as aves são o grupo animal mais bem conhecido em todo o mundo. Então não é de se esperar tantas novidades.

Foi justamente para causar esse choque que os pesquisadores resolveram juntar seus esforços e fazer uma publicação conjunta. "A verdade é que, ao publicar uma por uma, a informação passa por baixo do radar. E ninguém percebe o grande quadro que é: estamos em um momento muito especial na Amazônia, uma fase explosiva de descobertas", afirma o ornitólogo Mário Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

"Nossa ideia foi passar o recado de que a Amazônia ainda tem muita coisa nova", diz. Segundo ele, mais de uma dezena de novas aves deve ser descrita nos próximos anos.

Os achados. A maior parte dos achados ocorreu na porção entre o sul do Pará, o norte de Mato Grosso e o sudeste do Amazonas, região que inclui o chamado arco do desmatamento, o que coloca os animais em ameaça. Chama a atenção o caso de cinco espécies que foram encontradas em um local nunca antes estudado, no sul do Amazonas, entre os Rios Aripuaná e Roosevelt. O local fica próximo da fronteira com Rondônia, por onde a fronteira agrícola avança. De acordo com o pesquisador Luís Fabio Silveira, do Museu de Zoologia da USP, são endêmicas dali - ou seja, não ocorrem em nenhum outro local. 

"Em todo o mundo, por ano, são descobertas milhares de espécies de insetos, uma centena de peixes, mas aves são menos de uma dezena. Porque a maioria já foi detectada. Mas, se o grupo mais bem conhecido do mundo ainda traz tantas novidades na Amazônia, imagina o resto. É um alerta para usarmos a Amazônia de um modo mais inteligente", diz Silveira.
Confira abaixo algumas das espécies descobertas: