sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estado de SP paralisa projeto de inspeção veicular

25/01/2013-04h00

Estado de SP paralisa projeto de inspeção veicular

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1220316-estado-de-sp-paralisa-projeto-de-inspecao-veicular.shtml

EDUARDO GERAQUEDE SÃO PAULO

O governo de São Paulo não vai implantar a inspeção veicular obrigatória em todo o Estado neste ano.
"Existe um projeto na Assembleia [Legislativa] que ainda precisa ser amadurecido", disse ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A decisão tromba com a intenção do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que pretendia ver a inspeção ser feita, pelo menos, em toda a Grande São Paulo.
Segundo a prefeitura, São Paulo está perdendo em arrecadação do IPVA e, além disso, não está tendo uma melhor qualidade do ar por causa do programa. Pelas contas, a cidade vai deixar de arrecadar R$ 6 bilhões entre 2013 e 2023.
"Os dados [de medição da poluição do ar] são de que a situação é rigorosamente a mesma", tem dito Haddad.
Não existe apenas um, mas dois projetos de lei sobre o tema parados na Assembleia há mais de um ano.
Um, enviado em 2009 pelo então governador José Serra, por meio do ex-secretário de Meio Ambiente Francisco Graziano. O outro é da oposição, do deputado Adriano Diogo (PT), também de 2009.
Segundo ele, como o governo tem ampla maioria na Assembleia, apenas por vontade dos governistas é que o tema entrará na pauta em 2013.
promessa
A inspeção é vista por especialistas como um importante programa para auxiliar a redução da poluição do ar.
Além da negativa tucana em discutir o tema, a própria prefeitura petista pretende rediscutir a forma como o programa é feito hoje.
Segundo o plano apresentado no início da gestão Haddad, o programa municipal pode ser abrandado. Um projeto de lei sobre o tema deve ser enviado à Câmara no início de fevereiro.
O problema é que a Prefeitura precisa resolver como arcar com os custos de acabar com a taxa de inspeção paga pelo motorista --promessa de campanha de Haddad.
Por isso, cogita-se liberar carros novos do programa e mudar a inspeção para toda a frota, tornando-a bianual. A medida é considerada um "retrocesso" por especialistas.
O recuo dos governos Estadual e Municipal pode travar o programa em outros Estados, dizem também os técnicos.
25/01/2013-03h00

Personalidades falam das loucuras, defeitos e qualidades

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1220294-personalidades-falam-das-loucuras-defeitos-e-qualidades-de-sp.shtml


DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


São Paulo 459 anos

Do LSD na caixa d'água do bairro ao sequestro do King Kong na Faculdade de Direito da USP, 29 personalidades contam aventuras e revelam do que gostam e do que não gostam em São Paulo.
Descubra curiosidades sobre a cidade de SP
Qual a sua recordação sobre a cidade de São Paulo?
Quiz: O que você sabe sobre São Paulo?
Biblioteca na zona oeste de SP abriga 12 mil títulos húngaros
Masp tem sala que esconde tesouro com 8.000 peças
Casa na Lapa recria som que vem da Idade Média
Cúpula do Theatro Municipal é cenário exclusivo de artistas
Blog reúne textos sobre a periferia de 45 colaboradores comunitários
Alguns nasceram e se criaram na metrópole. Outros, vindos de outros Estados e países, optaram por chamá-la de lar. E, mesmo incomodados com a poluição, o trânsito ou a verticalização da cidade, não deixam de nutrir amor por ela.
"A maior loucura para todos nós paulistanos é sair da cidade e ir para o campo, para a praia e para o exterior e aí descobrir que sentimos falta de São Paulo", afirma Álvaro Aoas, 50, dono do Bar Brahma, ponto famoso na esquina da avenida São João com a Ipiranga, centro de São Paulo.

O que personalidades pensam sobre São Paulo

Ver em tamanho maior »
Danilo Verpa/Folhapress
AnteriorPróxima
O que o paulistano tem? "Tem amor, garra e vontade de trabalhar; tem vontade de crescer e mudar para melhor; tem, sobretudo, pressa --pressa em humanizar sua cidade e derrubar os muros que separam a São Paulo rica da São Paulo pobre." (Fernando Haddad, 50, prefeito de São Paulo, paulistano)

Especialistas dão dicas para resolver 10 obstáculos que afetam SP

25/01/2013-03h00

Especialistas dão dicas para resolver 10 obstáculos que afetam SP

CASSIANO ELEK MACHADO
LAURA CAPRIGLIONE
MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO

São Paulo 459 anos

Numa cidade tão grande e complexa como São Paulo, entra ano, passa ano, e os problemas parecem nunca ter fim.
Apontá-los dá sempre a impressão de ser um projeto já feito a exaustão e, paradoxalmente, infinito.
No dia em que a maior cidade da América do Sul comemora 459 anos, especialistas se debruçam mais uma vez sobre dez importantes problemas que afetam a cidade e indicam o que pode ser feito para tentar melhorá-la.
*
CULTURA
Em minha opinião, o problemas mais grave e estratégico é o desequilíbrio de aparelhos e ofertas culturais entre as regiões da cidade.
Há poucas áreas com alta concentração de teatros, cinemas, museus, galerias e centros culturais e muitas e vastas regiões com ausência de oferta cultural.
Pontual e minimamente, os CEUs e o Sesc amenizam esse quadro, mas ainda são gotas d'água no deserto.
YACOFF SARKOVAS, 58, CEO da empresa de consultoria Edelman Significa
*
EDUCAÇÃO
Um dos principais problemas do setor é a falta da implementação do já existente Plano Municipal de Educação. Ele é uma importante ferramenta para revigorar a qualidade de ensino na capital paulista.
O plano prevê, por exemplo, que o governo municipal possa usar acréscimo aos recursos próprios advindos de parcerias com as administrações estadual e federal.
Os objetivos desse trabalho devem ser: estender o número de horas discentes e docentes na escola, promover formação permanente dos profissionais e estimular a participação da comunidade escolar.
MARIO SERGIO CORTELLA, 58, doutor em educação pela PUC-SP e secretário municipal de educação entre 1991-1992
*
ENCHENTES
A ocupação desordenada de áreas alagáveis, principalmente a partir dos anos 1970, é a vilã das enchentes, mais que a impermeabilização do solo.
Mas as consequências desse avanço sobre as margens --que escondeu córregos e rios em galerias-- estão sendo combatidas de forma correta. Os projetos de drenagem em andamento preveem, por exemplo, a construção de piscinões e parques lineares.
Não faltam tecnologias para resolver o problema, mas elas demandam uma soma de recursos elevada. Se tudo for feito como está previsto, os riscos de enchentes serão reduzidos a níveis aceitáveis em 15 a 20 anos.
ALUÍSIO CANHOLI, 60, doutor em engenharia hidráulica pela USP
*
FINANÇAS
O grande drama de São Paulo é o endividamento. A relação dívida/receita do município é uma das maiores do Brasil, já beirando os 13% do orçamento.
Isso deixa a prefeitura estrangulada financeiramente, sem sobra para manobras. Ela acaba tendo que viver em boa medida pelo que arrecada, e recorrendo a recursos como incentivos fiscais. A dívida alta, com juros muito elevados, é resultado dos desmandos do passado.
Em primeiro lugar, é preciso renegociar urgentemente as taxas de juros com a União, que é o maior credor. E, para isso, é necessário alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é algo que a União se dispôs a encaminhar. Como é a maior --e a mais importante-- cidade do Brasil, São Paulo não pode quebrar.
RAUL VELLOSO, 67, consultor econômico e especialista em contas públicas
*
HABITAÇÃO
São Paulo tem 35% da população vivendo na precariedade, em favelas, loteamentos irregulares e cortiços, ou mesmo na rua. A política habitacional deve apresentar soluções criativas.
Mas faltam terras disponíveis, sobretudo na cidade "que funciona". Sem acesso a ela, pobres são condenados ao exílio nas periferias. Por causa da escassez de área para construir, a urbanização de favelas e loteamentos tem de ser prioritária.
Prédios e cortiços abandonados têm de ser reocupados. Isso significa enfrentar interesses poderosos. Superar os obstáculos para garantir a diversidade social demanda ações incisivas, que trariam desgaste político, mas mudariam a cara da cidade.
JOÃO SETTE WHITAKER, 46, arquiteto, docente da USP e do Mackenzie e coordenador do laboratório de Habitação da FAU-USP
 
Editoria de Arte/Folhapress
*
LIXO
O manejo das 110 milhões de toneladas de lixo urbano custa R$ 1,5 bilhão por ano à cidade. A prefeitura destina 98% dos detritos para aterros. Apenas 2% são reciclados. O problema é que os aterros ficarão cada vez mais caros, por causa da valorização imobiliária, e mais distantes, encarecendo o transporte.
A solução é aumentar a reciclagem. Enterrar lixo é enterrar dinheiro. Hoje, 60% do lixo residencial é orgânico --deveria virar adubo. E os 40% restantes, a sucata, poderiam ser comprados pela indústria. Com isso, daria
para reduzir as áreas dos aterros e os gastos com transporte --sem falar nas vantagens adicionais de preservação ambiental e geração de empregos.
Na ponta do lápis, o aumento drástico da reciclagem permitiria uma economia de pelo menos R$ 500 milhões por ano para aprefeitura.
SABETAI CALDERONI, 63, presidente do Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável
*
SAÚDE
A saúde na cidade melhorou. Mas isso não significa que ela vai bem. O orçamento municipal para a pasta ainda é curto. O incremento das parcerias público-privadas foi bom, reduzindo o tempo médio de internação nos hospitais públicos de dez para oito dias.
No atendimento, a má qualidade é, muitas vezes, reflexo de problemas com o capital humano, que não vislumbra meritocracia e planos de carreira. Predomina o viés político de contratação, que prejudica a assistência. A abertura de hospitais e centros de diagnóstico é necessária.
Mas, acima de tudo, é preciso organizar os fluxos, integrar a rede e combater a má administração das unidades e o desvio de usos da tecnologia.
CLAUDIO LOTTENBERG, 52, presidente do hospital Albert Einstein
*
TRANSPORTE
Um problema crucial é o transporte coletivo sobre pneus. A primeira medida deveria ser retirar os táxis dos corredores --são uma minoria e atrapalham todo o sistema. Em seguida, oferecer um serviço semelhante a um metrô sobre rodas. Menos linhas, com alta frequência: um ônibus por minuto. Esse modelo dá certo em Curitiba.
Também seria importante instalar semáforos inteligentes nos cruzamentos onde passam mais ônibus, com preferência para o transporte de massa. E, além disso, criar mais faixas exclusivas para coletivos
nas vias onde trafegam mais de 30 deles por hora.
Por fim, proporia que as novas estações de metrô fossem integradas de modo mais eficiente com os terminais de ônibus. Não há solução possível que não priorize e privilegie o transporte coletivo.
HORÁCIO AUGUSTO FIGUEIRA, 61, consultor em transportes e vice-presidente da Associação Brasileira de Pedestres
*
URBANISMO
São Paulo vive uma grave crise urbanística. O problema fundamental não é a falta de unidades residenciais. O que está em jogo é a qualidade do lugar onde se vive --o modelo de cidade que queremos. Isso passa pela revisão do Plano Diretor. Há muita desigualdade. Nas favelas, faltam oportunidades culturais e econômicas.
Nos locais ricos, multiplicam-se condomínios e shoppings. Sem alternativas inclusivas, a especulação imobiliária prevalece. A discussão em torno do futuro do centro é emblemática. Todos concordam que ele merece ser reocupado --uns, por meio do enobrecimento, com moradias valorizadas e opções de consumo; outros, por meio da instalação de uma comunidade heterogênea e multiclassista.
Essa definição será decisiva sobre o tipo de cidade que teremos. A proliferação de movimentos contrários ao conceito intramuros, que buscam uma reocupação coletiva de qualidade para usufruto não exclusivista, é a boa notícia.
RAQUEL ROLNIK, 56, arquiteta e urbanista
*
VIOLÊNCIA
O primeiro passo para conter a violência em São Paulo é previsível. A literatura mostra que a violência começa em casa. É necessário implementar programas de prevenção, com base em experiências internacionais. Ensinando os pais, por exemplo, a disciplinar os filhos sem violência.
Falta tradição no Brasil de se trabalhar em uma perspectiva de longo prazo. Sobre a queda dos homicídios em São Paulo --de 46,6 mortes por 100 mil habitantes (1996) para 8,98 (2011)--, ela foi resultado de uma conjunção de fatores.
A ação das três esferas de governo e das ONGs foi importante. Mas outras circunstâncias contribuíram: diminuiu o número de jovens na população, e os níveis de desemprego e saneamento básico melhoraram. Esta é uma lição a ser tirada: melhorando a qualidade de vida da população, a violência tende a diminuir.
NANCY CARDIA, 65, psicóloga social e vice-coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP

Argentina ganha praia 'livre de cigarro'...e o Brasil?

Argentina ganha praia 'livre de cigarro'


Município litorâneo faz campanha contra o fumo e quer ampliar áreas onde é proibido fumar a cada verão

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,argentina-ganha-praia-livre-de-cigarro,986901,0.htm

21 de janeiro de 2013 | 9h 48
 
 
Um município argentino inaugurou dois trechos de 200 metros de suas praias como áreas livres de fumo. A medida veio após o sucesso do projeto piloto iniciado em uma dessas praias no ano passado, em Partido de la Costa, um conhecido reduto de turistas da classe média argentina.
A ideia da prefeitura é expandir as áreas livre de cigarro a todas as praias de Partio de la Costa - Divulgação
Divulgação
A ideia da prefeitura é expandir as áreas livre de cigarro a todas as praias de Partio de la Costa

As praias, Santa Teresita e San Bernardo, ficam a 300 quilômetros de Buenos Aires.
Em entrevista à BBC Brasil, o prefeito Juan Pablo de Jesús conta que houve resistência inicial ao projeto. A prefeitura, no entanto, aposta na conscientização da população através de uma campanha, intitulada "A Costa Respira".
"Fizemos uma experiência piloto e ela deu certo e por isso decidimos manter a medida em Santa Teresita e aplicá-la agora em San Bernardo. No início, houve alguma resistência à medida, mas agora não", disse.
A medida não prevê multas. A campanha contou com a distribuição, nas praias, de folhetos que abordavam os males do fumo e a importância de evitar o cigarro na frente de crianças, "para que elas não repitam os hábitos dos pais".
"O que queremos é que o verão seja um o início de um processo para que a pessoa deixe o hábito do cigarro", disse o prefeito.
Partido de la Costa é o segundo destino turístico argentino no verão e recebe cerca de 2,5 milhões de turistas do país nesta época do ano, segundo informações oficiais. San Bernardo e Santa Teresita são as principais praias do município, banhado pelas águas mais frias do Atlântico Sul.
Segundo o prefeito, o objetivo é ampliar a cada verão as áreas isentas de fumo. O município Partido possui catorze praias distribuídas em cem quilômetros de orla.
"Não sou médico, mas nosso objetivo é que o turista saia daqui mais preocupado em cuidar da sua saúde. Por isso, já iniciamos projeto para que as praças da cidade também sejam livres da fumaça do cigarro", afirmou.
 

A cidade ideal, daqui a 50 anos

 


Em cada época, há um sonho diferente para o futuro da metrópole; o atual é ter em 2063 uma São Paulo mais interligada e humana

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,a-cidade-ideal-daqui-a-50-anos,988441,0.htm

25 de janeiro de 2013 | 0h 01
 
 
 
O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A São Paulo do futuro já foi sonhada, imaginada e desenhada inúmeras vezes ao longo da história. Essa cidade utópica é tão mutante quanto a real, ou talvez mais. No decorrer das décadas, a capital paulista foi idealizada como uma cidade europeia, com prédios art déco e passeios arborizados, e também como uma metrópole americana, cortada por vias expressas sem fim. Seu centro já foi imaginado vivo, glamouroso, mas também vazio, pulverizado. São utopias que, na verdade, dizem mais sobre sua própria época do que sobre o futuro.
Por isso mesmo, descobrir qual é a São Paulo que sonhamos hoje é essencial para entender as motivações por trás das mudanças que vão ocorrer na cidade a partir de agora. As ideias apresentadas ao longo deste caderno especial dão uma pista sobre esses sonhos: uma São Paulo mais humana, mais conectada e menos opressora do que a atual.
Se conseguirmos alcançar esses desejos, como será então a cidade daqui a, digamos, 50 anos? Para tentar ilustrar esse futuro ideal, o Estado convidou o escritório de arquitetura FGMF, considerado um dos 30 mais promissores do mundo pela revista britânica Wallpaper. "Escolhemos um pequeno trecho da cidade para sintetizar o que entendemos que será a cidade do futuro: um pedaço do Rio Tamanduateí, próximo ao Pátio do Pari, no centro", afirma um dos sócios do escritório, Lourenço Gimenes.
Mudanças. Ele acredita que São Paulo não passará por transformações drásticas até lá. "Serão mudanças pontuais, pois não há nenhuma intervenção mágica que vai mudar uma cidade desse tamanho", diz. Entre as principais modificações, deverá estar a revitalização das áreas degradadas do centro, que poderá aliviar o problema habitacional das periferias e criar zonas qualificadas de convivência. "Uma dessas áreas deverá ser a região do Pari, que é rica em infraestrutura urbana, fica próxima de grande oferta de emprego, mas tem taxa de ocupação baixa", explica Gimenes.
Essa área também exemplifica uma outra característica que a vida em São Paulo terá no futuro, segundo o arquiteto: a mudança na sua cadeia produtiva. De acordo com ele, haverá uma difusão nos horários de trabalho e no home office, de maneira que haverá mais gente se divertindo e interagindo em espaços públicos durante os dias de semana. "Hoje, a cidade funciona muito em relação ao horário de trabalho. Uma massa de pessoas usa a cidade de uma forma durante o horário de trabalho, o que causa congestionamentos, e outra massa usa a cidade no horário de folga, o que causa fila e equipamentos de cultura lotados", afirma.
Por isso, Gimenes acredita que haverá um impulso para o desenvolvimento de bairros de uso misto, que englobam tanto moradia, trabalho e lazer - tudo isso dentro de uma paisagem convidativa para a convivência coletiva. "As pessoas querem uma cidade mais humana, mais agradável. Isso é um processo sem volta." Para ele, haverá uma exigência forte da população sobre os governantes para que políticas como essas sejam adotadas nos próximos anos.
Beleza. O arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, secretário municipal de planejamento nas gestões Mario Covas (1983-1985) e Marta Suplicy (2001-2004) concorda com a afirmação. "A população está dando mais valor ao lado estético da cidade, porque inclusive conhece mais do mundo, viaja, faz comparações. E tem muitas cidades que são mais agradáveis do que São Paulo pelo mundo", afirma o urbanista.
Ele também imagina São Paulo diferente no futuro, com suas principais questões ambientais resolvidas e um foco maior no transporte coletivo do que no individual. "Hoje, não se tem mais ilusão de que é possível fazer tudo com o automóvel. O bom senso é melhorar o transporte coletivo, com metrô, corredores de ônibus e até a retomada dos bondes, como cidades americanas e europeias estão fazendo."
Em relação ao verde, Wilheim imagina uma São Paulo pontilhada de pequenos parques - os chamados pocket parks, que existem em cidades como Nova York.
"São pequenas áreas verdes, às vezes do tamanho de apenas um lote, mas que servem de espaço de convivência para uma determinada vizinhança", projeta. Ele acredita também que haverá mais controle do poder público em relação ao mercado imobiliário. "Teremos de encarar esse conflito", resume.
Passado. Sociólogo, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estado, José de Souza Martins lembra que a São Paulo ideal às vezes parece mais um déjà vu de sonhos passados que não se concretizaram. "O plano do prefeito Fernando Haddad (PT) de deslocar o crescimento da cidade para as margens do Rio Tietê é, na verdade, o plano de Prestes Maia (prefeito de 1938 a 1945). O rio seria navegável, uma Veneza paulista, com barcos suburbanos servindo os bairros na função de ônibus." A Ponte das Bandeiras é o que resta desse plano ainda atual, mas que nunca chegou a ser concluído.